Ela usava jeans rasgado, e uma blusa suada. Pedia um sanduíche no balcão, como se não houvesse sol.
Eu já me assentara a alguns metros, apreciando a paisagem do sul, onde nada parecia ter fim.
Ela se aproximava, e se ajeitou ao meu lado sem nem ao menos pedir licença. Tocava meu violão, enquanto esperava o trem chegar. Eu iria pra bem longe, e ela, pra lugar algum.
Seus cabelos maltratados, sugeriam tempos pelos trilhos e estradas. Eu tentava encontrar os segredos naqueles olhos, mas só recebia a sutileza de seu jeito gracioso.
O trem apitara longe. Eu pegava minha jaqueta de couro, e cobria seus ombros. Ela retribuiu com um sorriso lacrimejante. Era fim de tarde, e pra ela o dia não tinha fases.
Na minha bolsa pesada, havia um sonho, uma roupa e um travesseiro que me faria dormir daqui poucas horas. Meu olhar se perdia pela planície seca, e na fisionomia bucólica da mulher que tocava meu violão. Deixei um pouco pra trás o que levava, e dela tirei a certeza de que em cada estação, haveria um olhar.
Boa viagem a todos!
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