O relógio não anda... ela caminha de um lado pro outro, sem ter o que fazer.
Esperava encontrar-se com as amigas, mas por fim elas decidiram não fazer nada.
E ela, sem opção, nada fez também.
Pensou em sair sozinha, perambulando por aí. Mas não, novamente retraiu-se.
Seus pais estavam pra fazenda, demorariam algumas horas ainda pra chegar.
Tentou internet, televisão, som, mas nada funcionava.
Estudar então tinha certeza que não conseguiria, não agora.
Estava completamente sozinha.
Fruto do tédio, começou a pensar...
Nas brigas, desentendimentos com seus pais.
Seu futuro, ainda obscuro e indefinido.
Na sua falta de coragem e objetividade, e no desprazer que lidava com suas questões particulares.
Na sua completa falta de atitude.
Pensou em fazer besteiras...loucuras, pra celebrar toda essa loucura.
Pensou em encher a cara, pra não se lembrar de mais nada.
Pensou em fugir de casa. Mas de que adiantaria.
Pensou... acabou dormindo.
Não acordou mais.
Os pais chegaram, e a viram deitada, morta, com o vidro de antidepressivos da mãe, caído no chão, totalmente vazio.
Era o que ela queria na verdade.
Cada um sabe o que quer.
Uns querem viver. Alguns tem coragem, outros não.
Outros querem morrer. Alguns não tem coragem. Ela teve.
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